Um dia acordou e a cama não estava mais lá.
Nem o seu armário, nem sua mesinha, nem suas roupas... não estava. Ele não estava.
Mas havia uma mala encostada no canto da porta, com seu nome escrito nela,
e ele não entendia porque mamãe o esperava com a porta aberta. Ele não entendia.
O corredor parecia comprido e interminável, parecia infinito. A mala era pesada.
Não era justo, ele não queria ir. Era longe! Era difícil, era complicado.
Mas mamãe não se importou e o olhou com frieza, gritando. Ele não entendeu.
E estava em outra cidade, e estava em outra casa, em outra rua. Outra vida.
Correu para pegar aquele trem que cairia do penhasco. Correu.
E mamãe se arrependeu e o quis de volta, pediu para voltar...
mas já estava feito. Voltar não era um problema; ele voltaria.
Mas as memórias também voltariam: ele não iria esquecer.